curso online | CORPOS DISSIDENTES: lugar e memória
Informações do evento
Sobre este evento
O que são corpos dissidentes e quais locais eles ocupam e estão autorizados a frequentar?
Com base nesta pergunta, sugerimos este curso sobre corpos considerados inadequados, a quem é negado o lugar e, por conseguinte, a memória. Ao negar lugar e memória a um corpo, nega-se a esse sujeito características fundamentais Humanidade ou seja o que nos configura enquanto espécie, que vai se materializar em sociedade na violação dos direitos humanos e deteriorar as condições de vida de um corpo dissidente.
Destacamos que é, sobretudo através das corporalidades e nos corpos que se manifestam nossas potências criativas, dissidentes e rebeldes, capazes de construir uma nova narrativa, de equidade, diversidade e inclusão.
Foi vivendo a vida toda em corpos dissidentes que descobrimos como fazer isso na prática e começamos a pesquisar sobre. Nestas pesquisas, nos surgiram as questões:
O quanto nosso corpo é responsável pela nossa história? Como nossos movimentos e nosso corpo influenciam na nossa prática de escrita?
Como esses corpos encontram a própria voz, seja nas ruas, na literatura e/ou em movimento?
Como os corpos aparecem e são tratados na literatura contemporânea? Como os corpos das mulheres são retratados? Como é fazer literatura a partir do corpo? O que são corpos dissidentes?
Como os corpos dissidentes encontram as ruas e fazem literatura a partir dela? Existe escrita curativa para corpos dissidentes? Como fazê-la?
Como a gordofobia se manifesta na representação e no fazer literário? Como driblar isso?
Para que serve e à quem serve a normatividade dos corpórea?
O que é o estigma e como ele é constituído e de que maneira nos afeta?
Por isso, pensamos neste curso, que apresenta formas de lidar com corpos, especialmente os dissidentes e gordos na literatura, apresentando e avaliando o que existe nas produções e como isso tem se dado na literatura atual, especialmente nos últimos três anos, em que o tema está em alta.
A ideia é tentar entender o quanto nosso corpo é responsável pela nossa história e como ele influencia nossa prática de escrita.
Vamos abordar como o mercado literário tem recebido isso, o público, como funcionam as publicações, quem são os autores e como o público absorve isso.
A facilitadora Jéssica Balbino, com base na própria experiência como mulher gorda no mundo e na literatura e usando elementos do conceito de escrevivência, cunhado por Conceição Evaristo, proponho aos participantes algo como a importância da autorrepresentação e tentar descobrir onde está a própria voz de cada pessoa, como ela passa pelo corpo e pode se tornar objeto literário e, por conseguinte, uma obra.
O facilitador Gabriel Sá, pautado na obra do sociólogo Erving Goffman, aborda o conceito de Estigma e a partir de sua experiência profissional com população de rua, usuários de crack, e também de sua pesquisa acadêmica com Travestis e Mulheres Trans inseridas no mercado prostitucional, a absorção e aceitação do estigma pelos próprios sujeitos que vivem em um corpo dissidente que configura uma Cultura e um modo de ser no mundo. Também vai abordar a negação dos direitos humanos de das principais características que nos configura Humanidade a partir da violação física, psíquica e social dos corpos dissidentes.
Vamos falar sobre corpos gordos, negros, LGBTQIA+, deficientes, surdos, etc.
No curso, usamos obras de autores como a portuguesa Isabela Figueiredo, a brasileira Sheyla Smanioto, a haitiana radicada nos EUA, Roxane Gay, a teórica Judith Butler, a pesquisadora Naomi Wolf, a teórica Audre Lorde, a pesquisadora bell hooks, a carioca Thati Machado e poesias como as de Porsha Olayowla, Rachel Wiley, Tom Grito, Luna Vitrolira, Ryane Leão, Fabiana Lima, Kah Dantas, entre outras.
Jéssica Balbino vai trazer um tanto também do próprio processo de produção. Atualmente trabalha também na produção de um livro intitulado “gasolina & fósforo – meu corpo em chamas”, a ser lançado ainda este ano.
O CURSO
O curso ocorre de maneira totalmente online, com encontros via Google Classroom e Zoom. A ideia é estimular a aprendizagem a preços populares.
Metodologia: Vídeos, filmes, textos, fóruns de debates, atividades online e produção textual.
Política de bolsas: Disponibilizaremos cinco bolsas para pessoas de baixa renda mediante autodeclaração, por ordem de procura, no e-mail nossoscorposdissidentes@gmail.com.
Certificado: O curso dá direito a certificado de participação, com total de 10 horas de aula.
Duração: 8 HORAS AO VIVO VIA ZOOM + VÍDEOS GRAVADOS, TEXTOS E PRODUÇÃO (via Google Classroom)
Datas: 03.09 às 19h
10.09 às 19h
17.09 às 19h
24.09 às 19h
Não é preciso ter lido todos os livros previamente para participar.
Trechos das obras e bibliografia complementar serão disponibilizados por e-mail
Valor: R$ 90,00 no eventbrite ou via depósito bancário (desconto de 10%)
Metodologia:
Aulas gravadas (vídeos)
Aulas interativas (ao vivo via zoom)
tempo para perguntas e respostas
Atendimento personalizado
Material didático:
Livros em PDF
Sugestões de leitura
Textos em PDF
Bate papos
Vídeos aulas
Vídeos interativos
Atividades de escrita (com comentários)
Cronograma
Tópicos:
1. Corpos dissidentes
contexto histórico
a arte como crônica do cotidiano
Estigma e Cultura nos corpos
2. VOZ
podem os subalternos falar?
escrevivência
corpo e voz
3. CORPOS E MOVIMENTO
quais são as vozes destes corpos
lugar e memória
preterimento e negação dos direitos humanos
afeto
4. AUTORREPRESENTAÇÃO
a importância da autorrepresentação
a escrita, os corpos e rua
resistir para existir
Bibliografia sugerida:
Fome, Roxane Gay
A Gorda, Isabela Figueiredo
O mito da beleza, Naomi Wolf
Um corpo negro, Lubi Prates
Antes que seja tarde para falar de poesia, Tom Brito
Sangria, Luiza Romão
A Bruxa não vai para a fogueira neste livro, Amanda Lovelace
Costuras para Fora, Ana Squilant
Desesterro, Sheyla Smanioto
Aquenda, o amor às vezes é isso, Luna Vitrolira
Eu não sei diminuir, Piê Poeta
Meu corpo, minhas medidas, Virgie Tovar
E eu não sou uma mulher? bell hooks
Negra Nua Crua, Mel Duarte
Desesterro, Sheyla Smanioto
Poder Extra G, Thati Machado
Amor Plus Size, Larissa Siriani
Fominismo, Nora Bouzzani
Não Sou Exposição, Paola Altheia
Osso de Baleia, Lorena Otero
Testo Junkie, Paul B Preciado
Teoria King Kong, Virginie Despentes
Orgasmo Santo, Kah Dantas
Lute como uma gorda, Malu Jimenez Jimenez
Vida Precária, Judith Butler
Pode o Subalterno Falar, Spivak
Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada, Erving Goffman
Travestis Envelhecem? , Pedro Paulo Sammarco Antunes
FACILITADORES
Por paixão e por formação, Jéssica Balbino é jornalista e acredita que as narrativas podem transformar o mundo. Viciada em café e histórias, é mestre em comunicação pela Unicamp, é premiada pelo Estado de Minas Gerais com o projeto Margens e pelo Minc, com o livro-reportagem “Hip-Hop – A Cultura Marginal”. Recebeu também, por dois anos consecutivos, o prêmio Maiores & Melhores, na categoria Assessoria de Imprensa.
Dedica-se a registrar histórias por meio das vivências. É autora dos livros “Hip-Hop – A Cultura Marginal” e “Traficando Conhecimento”, além de ter participado de várias antologias. Entusiasta do jornalismo literário, coordena o Margens, projeto que realiza curadoria, divulgação e edição de conteúdo e reportagens de literatura contemporânea brasileira, especialmente a produzida por mulheres.
Participou de eventos literários dentro e fora do país e é também curadora e produtora de projetos como o Lá na Laje, que durante o ano de 2018 realizou duas temporadas de um clube do livro sem livros no Sesc Pompeia e em 2019, realizou a temporada “resistência: substantivo feminino”, somente com autoras negras, indígenas e LGBTQIA+ do Brasil e de diferentes países, no Sesc Pompeia e Sesc Osasco. Também já foi curadora do encontro de Arte da Periferia no Flipoços entre 2009 e 2019.
Jéssica Balbino também escreve para veículos como Catraca Livre, M pelo Mundo, BuzzFeed, Hysteria e Suplemento Pernambuco.
Trabalha como assessora de imprensa apenas para pessoas e projetos em que acredita – e que transformam o mundo, entre eles, Mel Duarte, Flipoços, Livraria Africanidades, Cooperifa, Olhar Circular, entre outros.
Em 2017, foi apontada pelo Centro Cultural de São Paulo como uma das 100 mulheres que mais incentivam a cultura no país. Quando não está trabalhando, grava o podcast #Rabiscos, gosta de cozinhar e viajar, mas depois, escreve sobre as experiências.
Já ministrou cursos sobre escrita criativa, jornalismo literário, literatura marginal e corpo e literatura.
Gabriel Sá
Gabriel é bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal de Ouro Preto. Pesquisa gênero e sociabilidade marginal com o tema “Travestis e Mulheres Trans na Prostituição: cultura e segregação”.
Atualmente trabalha como Assistente Social em uma UAI – Unidade de Acolhimento Infantojuvenil, com crianças e adolescentes de ambos os sexos, entre 10 e 18 anos incompletos em uso de drogas e vulnerabilidade decorrente do envolvimento com crack, álcool e outras drogas. Além de sua formação acadêmica, Gabriel é multiartista e aborda em suas artes de atuação, quais sejam música e teatro, temas fundamentais na sociedade contemporânea, saúde mental, suicídio, questão de gênero e envelhecimento.