Formação Natureza, Arte e Tecnologia: O Amor entre Humanos e Não Humanos

O Instituto Ling, em parceria com a Fundação Itaú e o #24.ART, lança a formação Natureza, Arte e Tecnologia: O Amor entre Humanos e Não Humanos, sob coordenação da artista, pesquisadora e professora Suzete Venturelli.

Vivemos um momento em que os limites entre o natural e o artificial, o humano e o não humano, o biológico e o digital estão em colapso. A formação Natureza, Arte e Tecnologia: Humanos e Não Humanos propõe uma travessia crítica e sensível por esse território híbrido, onde cogumelos constroem redes subterrâneas, plantas controlam robôs, algoritmos escrevem poemas, e artistas trabalham com DNA, sensores e micélio.

Partindo da arte como campo indisciplinado de experimentação e do pensamento contemporâneo como espaço de confronto entre visões de mundo, o curso reúne artistas, pensadores, cientistas e designers para investigar o colapso do antropocentrismo e a emergência de novas alianças entre espécies, linguagens e inteligências.

A formação tem o propósito de apresentar o conceito de interdependência entre humanos, outras formas de vida e tecnologias, rompendo com a visão antropocêntrica e evidenciando que natureza, arte e tecnologia formam um ecossistema único e interligado, onde os limites entre humano e não humano tornam-se fluidos.

INFORMAÇÕES GERAIS

A formação será composta por 10 encontros online, divididos em dois eixos temáticos, realizados pela plataforma Zoom, entre os dias 16 de junho e 18 de agosto de 2025, sempre às segundas-feiras, das 19h às 21h.

As inscrições são gratuitas. Para obter o certificado, é necessário participar de, no mínimo, 70% dos encontros.

Programação completa:

16.6 | Aula Magna – Humanos e Não Humanos - Amor é a última chance, com Marcello Dantas

O humano como centro do mundo está em queda. Cogumelos conectam florestas, plantas se movimentam, robôs escrevem poesia, e a arte torna-se o espaço de tradução sensível entre sistemas vivos e artificiais. Nesta aula magna, vamos atravessar exemplos radicais que embaralham as noções de natural e tecnológico, sensível e sintético, racional e poético. Um convite à vulnerabilidade, à dúvida e à imaginação transespecífica.

Marcello Dantas é um premiado criador interdisciplinar com atuação no Brasil e no exterior, desenvolvendo projetos na fronteira entre arte, tecnologia e percepção. Foi responsável pela concepção de museus como o Museu da Língua Portuguesa, a Japan House, o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza. Curou exposições de grandes nomes da arte contemporânea, como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Laurie Anderson, Jenny Holzer e Bill Viola. Assinou a direção artística dos pavilhões do Brasil na Expo Shanghai 2010, na Rio+20 e em projetos internacionais como a Estação Pelé, em Berlim. Desde 2014 integra a curadoria da Bienal de Vancouver e, em 2017, foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura do Brasil.

EIXO 1 – Inteligências e Sensibilidades Não Humanas

23.6 | IA e Criatividade: A Máquina Sonha?, com Francisco de Paula Barretto

Esta aula se propõe a explorar a IA como agente criativo, discutindo algoritmos generativos, redes neurais e os limites da autoria e da emoção em obras “não humanas”, além de refletir sobre o impacto afetivo dessas criações. Abordaremos as diferentes formas de representar informação — da bidimensionalidade de documentos tradicionais à representação tridimensional e ao espaço latente n‑dimensional — para entender como dados e vieses se manifestam em modelos e agentes de IA através de exemplos práticos e estudos de caso.

Francisco de Paulo Barretto é bacharel em Ciência da Computação e pesquisador na aplicação da inteligência artificial nas artes. Desenvolveu o tema ao longo do TCC, mestrado e doutorado. Atuou como DJ e produtor, unindo criação musical e tecnologia. No mestrado, integrou o Mídia Lab da UnB, sob coordenação de Suzete Venturelli, referência nacional em arte e tecnologia.

30.6 | Tecnologias vegetais e artificiais. O que as plantas podem nos dizer sobre as máquinas?, com Guto Nóbrega

Num contínuo processo de invenção, Guto Nóbrega vem investigando, há cerca de 20 anos, o diálogo criativo entre plantas, humanos e máquinas. Esta aula lança um olhar sobre os objetos técnicos e as tecnologias vegetais para pensar a arte como um campo entrelaçado de redes orgânicas, telemáticas e sutis.

Guto Nóbrega é artista, pesquisador e professor da UFRJ, doutor em artes interativas pela Universidade de Plymouth (Reino Unido) e pós-doutor pela UnB. Sua pesquisa transdisciplinar explora interatividade, biotelemática, natureza e ancestralidade. Fundador do NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos, atua como vice-decano do CLA/UFRJ e bolsista do CNPq. Seus trabalhos já foram exibidos no Brasil e no exterior.

7.7 | Máquinas e Naturezas: Ecossistemas Tecnológicos e Corpos Modificados, com Monica Tavares

A partir de uma visão sistêmica entre arte-design, ciência e tecnologia, a aula pretende refletir acerca do corpo como agente atualizador de integração entre essas áreas e, por conseguinte, tratará de expor e examinar representações de corpos na hibridação do humano e da máquina.

Monica Tavares possui Livre-Docência pela Escola de Comunicações e Artes da USP (2012); pós-doutoramento pela Pennsylvania State University (2009) e pela Cornell University (2014); doutorado em Artes pela USP (2001); mestrado em Multimeios pela UNICAMP (1995); graduação em Arquitetura pela UFBA (1982). Atualmente, é Bolsista PQ 2 (CNPq), Professora Senior da ECA-USP e atua no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP. É líder do Grupo de Pesquisa em Artes, Design e Mídias Digitais (GP_ADMD), vinculado à ECA-USP e CNPQ.

14.7 | Humanos e Naturezas: Cosmovisões, Sustentabilidade e Diversidade, com Daniel Lima

A partir da provocação da “performatização” das memórias e arquivos, todos os movimentos, imagens e sons constroem um sentido político-poético. Neste encontro Daniel Lima propõe um caminho por trabalhos artísticos que atravessam a ideia de "Humanos e Naturezas: Cosmovisões, Sustentabilidade e Diversidade".

Daniel Lima é artista, curador, editor e pesquisador. Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela USP, investiga desde 2001 mídia, raça, resistência e geopolítica. Fundador da Frente 3 de Fevereiro, participou de exposições e seminários no Brasil e no exterior. Premiado em artes, cinema e estudos sociais. Vencedor do Prêmio Jabuti 2022, dirige a Invisíveis Produções, voltada a games e narrativas sobre o contexto social e político.

EIXO 2 – APLICAÇÕES TRANSVERSAIS

21.7 | Poéticas interespécies: agências e inteligências não humanas na prática artística, com Cesar Baio

A aula propõe uma abordagem crítica e artística sobre as poéticas interespécies, explorando a integração de agências e inteligências não humanas na prática artística. Serão colocados em discussão sistemas biohíbridos que integram tecnologias como inteligência artificial e organismos vivos não humanos, destacando suas implicações estéticas e éticas na arte contemporânea.

Cesar Baio é artista e professor associado no Instituto de Artes da UNICAMP. Possui Mestrado e Doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com estágio de pesquisa na Universidade de Artes de Berlim (UDK) e pós-doutorado na Plymouth University – Reino Unido. Integra o coletivo Cesar & Lois, junto com a artista Lucy HG Solomon, premiado internacionalmente por trabalhos que exploram as interseções entre arte, ciência, tecnologia e ecossistemas vivos.

28.7 | Pensamento Criativo: Design Thinking e Futuros Possíveis, com Ive Rubini

Neste encontro falaremos sobre como arte e tecnologia inspiram e oferecem frameworks interessantes para o design thinking. Também abordaremos a cultura de código aberto, que proporciona uma abordagem focada na construção de conhecimento coletivo.

Ive Rubini é artista e pesquisadora com doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e foi pesquisadora convidada da Academy of Media Arts Cologne (KHM), na Alemanha. É professora de design, arte e comunicação na Universidade de São Caetano do Sul (UCSC), no ABC Paulista. Se interessa por processos artísticos que concernem a construção de conhecimento coletivo, principalmente através da cultura de código aberto.

4.8 | Metodologias de Pesquisa-Criação, com Giselle Beiguelman

A aula investiga os processos de criação como formas de pensamento ativo, questionando a separação entre teoria e prática. Serão exploradas metodologias interdisciplinares entre arte, memória, cultura urbana e tecnologia. A IA será apresentada como ferramenta e agente criativo que reconfigura modos de fazer e pensar.

Giselle Beiguelman é artista e professora da FAU-USP. Pesquisa acervos e métodos de preservação de arquivos nato-digitais, arte e ativismo na cidade em rede e as estéticas da memória no século 21. É coordenadora do Projeto Temático Fapesp Acervos Digitais e Pesquisa: arte, arquitetura e design e autora de Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera (UBU Editora, 2021; 2a ed. 2023) e Memória da amnésia: políticas do esquecimento (Edições Sesc, 2019), entre outros. Suas obras artísticas integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como ZKM (Alemanha), Jewish Museum Berlin, MAC-USP e Pinacoteca de São Paulo. Em seus projetos recentes investiga a construção do imaginário colonialista das artes e das ciências com recursos de Inteligência Artificial. Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais.

11.8 | Tecnologias Imersivas e Inteligentes: Realidade Virtual, Aumentada e Mista, com Jack Holmer

Novos sentidos e percepções expandidas. Ambientes imersivos e instalações interativas como experiências limiares entre o biológico e o digital.

Jack Holmer é um artista e pesquisador brasileiro que atua nas áreas de arte e tecnologia, com foco em vida artificial, robótica e poéticas tecnológicas. Graduado em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2004) e mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (2008), Holmer é professor na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e doutorando em Design, Arte e Tecnologia na Universidade Anhembi Morumbi. Suas obras exploram a interseção entre o físico e o virtual, desafiando conceitos como gravidade e materialidade, e têm sido exibidas em eventos internacionais como a Bienal de Arte Digital e o Harddiskmuseum.

18.8 | Encerramento: Caminhos para a Pesquisa e Práticas Criativas, com Gabriela Bìlá

A cidade engole a floresta ou a floresta reclama a cidade? Nesta aula, vamos explorar paisagens habitadas por humanos e não-humanos, questionando as fronteiras entre cultura e natureza — e como a arte pode ser uma ferramenta de pesquisa em um campo expandido do urbanismo. Também vamos conhecer a abordagem antidisciplinar do MIT Media Lab, o laboratório de Artes e Ciências da Mídia do Massachusetts Institute of Technology.

Gabriela Bìlá é arquiteta e artista multimídia, atualmente doutoranda e pesquisadora no MIT Media Lab. Sua pesquisa combina urbanismo, artes digitais e interfaces tangíveis para repensar as experiências humanas nas cidades de hoje e do futuro. Além da prática artística — com trabalhos exibidos em diversos espaços no Brasil e no exterior —, Gabriela desenvolve cursos e oficinas em que utiliza a produção de mídias e a ficção científica como ferramentas experimentais para imaginar e projetar novas formas de viver.

Coordenação:

Suzete Venturelli é pós-doutorado pela Universidade de São Paulo, Escola de Comunicação e Artes, doutorado em Artes e Ciências da Arte pela Universidade Sorbonne Paris I e mestrado em Histoire et Civilisations pela Universidade Montpellier III - Paul Valery, França, com a dissertação intitulada "Candido Portinari: 1903-1962". Desde 1986, atua como professora titular, artista e pesquisadora na Universidade de Brasília, passando a integrar a Universidade Anhembi Morumbi em 2019, além de ser bolsista do CNPq. Como coordenadora, participa dos Encontros Internacionais de Arte e Tecnologia (#ART).

Histórico da formação em Arte e Tecnologia:

Há quatro anos, o Instituto Ling promove formações que exploram conceitos e diferentes pesquisas nas áreas de Arte e Tecnologia. A primeira edição aconteceu em 2021, em colaboração com o Tecnopuc/PUCRS; a segunda, em 2023, foi realizada em parceria com o LAA/Museu do Amanhã; e a terceira, em 2024, com o Instituto Cultural Torus, sob curadoria de Laura Cattani e Munir Klamt. Agora, o Instituto Ling lança sua quarta formação, em parceria com a Fundação Itaú e o 24º Encontro Internacional de Arte e Tecnologia.

Esta atividade é uma realização do Instituto Ling, Fundação Itaú e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

PRONAC 233474