Dentro da programação da MIAC – O Tempo dos Corpos, recebemos no Salão de Eventos do Instituto Ling o espetáculo Ytá, inserido nas dramaturgias da pedra-fóssil do Cariri cearense. A obra explora aspectos culturais, étnicos e paleontológicos da região, propondo uma provocação cênico-audiovisual que desperta uma experiência imagético-sensorial com — e a partir de — o território Kariri, por meio de suas narrativas e histórias da terra, das pedras, dos fósseis e dos animais humanos em “cosmovivência” com esses elementais.
O Cariri é um território de práticas autóctones, cujas memórias estão profundamente ligadas às pedras e aos dinossauros. A peça mergulha nesse universo para friccionar e abrir diálogos sobre o desgaste da terra e a dor da natureza — que tem gritado seus limites, mas segue sendo pouco ouvida.
Nesse contexto, revela-se uma dualidade: de um lado, a exploração da natureza; de outro, uma comunidade em processo de revitalização indígena, que há anos trabalha pelo resgate de sua memória originária, pela demarcação de suas terras e pelo fortalecimento da etnia Kariri. Essa luta indígena se compromete com a preservação da natureza e o reconhecimento da ancestralidade Kariri.
Foi nesse território e em meio a essas complexas relações que nasceu Ytá. Entre os anos de 2018 e 2024, os artistas passaram a viver o Cariri e suas múltiplas camadas, construindo a poética do espetáculo, que se desdobra em duas versões.
FICHA TÉCNICA
Pesquisa e criação: Barbara Kariri e Edceu Barboza
Produção e Operação técnica: Otávio Temóteo
Dramaturgia: Barbara Kariri
Dramaturgista: Suzana Carneiro
Figurino e Iluminação: Edceu Barboza
Cenário: Barbara Kariri, Edceu Barboza, Otávio Temóteo
Captação de vídeo: Sérgio Vilaça
Criação videográfica e trilha sonora: Fluxo Marginal
Designer gráfico: Michel Leocaldino
Produção local (Santana do Cariri): Adeciany Castro
Agradecimentos: Ponto de Cultura Casa Ninho/Grupo Ninho de Teatro, Comunidade do Mororo, Danilo Pereira, Everaldo Mororo, Francisco Francieudes, Lúcia de Sousa, Pedro Lessa
Duração: 55 minutos
Classificação etária: 16 anos
A MIAC - O Tempo dos Corpos conta com patrocínio da Crown Embalagens, apoio do Instituto Ling e produção da Canard Produções. Realização do Ministério da Cultura, Governo Federal, por meio da Lei Rouanet de incentivo a projetos culturais.